segunda-feira, 30 de maio de 2011

Verde Amarelado Fluorescente

Eu nunca gostei de caneta marca-texto. Você adorava. Se eu deixasse, rabiscava todas as paredes do meu coração com esse verde-amarelado-fluorescente. Rabiscava até cansar. Rabiscava até a ponta quebrar. Rabiscava até a tinta acabar. Rabiscava as paredes, o teto, o chão, meu cabelo e narigão, minha bochecha e meu pezão. Mentira, eu calço 38. Mas rabiscava mesmo assim, sendo grande ou pequeno, rápido ou lento, até a palma da minha mão, chamando atenção. Você deve ser assim desde que nasceu, imagino que o hospital inteiro deve ter ouvido você chorar. Descobriu cedo que quanto mais baixo você falar, menos vão te escutar. Eu aprendi que quanto mais baixo eu falo, mais as pessoas querem saber de mim. Você é um marca-texto, eu sou um grampeador. Quero juntar todos, bem perto de mim. Juntei você, quem diria... Uma vez um velho me falou que o amor morre jovem. Talvez você não quisesse deixar seu amor morrer jovem, talvez você nem soubesse o que é amor. Aí a tinta acabou. E eu te falei, exatamente como em The Holiday, que você nunca me amou e sim a idéia de estar comigo e todo esse papo blasé porque eu insistia em converter nossas verdades em dramas clichê. Ainda guardo seus desenhos só porque eu nunca gostei de caneta marca-texto e você foi uma exceção.

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