segunda-feira, 26 de março de 2012

Tá ficando meio chato

Sabe, te ver todos os dias, ouvir sua voz todos os dias, sentir seu cheiro todos os dias. Não faz bem, não é certo, não é de Deus. O que eu vou fazer com a sensação pós-recaída? Hoje você estava lá, no ponto de ônibus, fumando seu cigarro - nem lembro mais que marca -  como sempre, perdido em seus pensamentos e em seu déficit de atenção tão característico. Me viu e fingiu que não. Eu te vi e desviei o olhar. Quando começou a chover eu entrei na padaria e comprei meus próprio maço de cigarros. Eu não fumo, mas quem liga? Não poderia ficar com as mãos vazias enquanto você estava ali na minha frente, me fuzilando panoramicamente e ao mesmo tempo absorto no auto-policiamento. Agora você estava debaixo de um guarda-chuva e sentado nas costas do banco. Resolvi dar um oi. Foi patético. Eu mal me aproximei de você, o peito doeu, a dor me congestionou e as lágrimas transbordaram mais rápido do que eu estava esperando. Eu, ainda muito pateticamente, te dei um aceno de mão ao longe, em troca recebi um meio-sorriso da sua parte e antes que você percebesse algo dei as costas e saí andando. Dane-se o ônibus, era melhor ir a pé e enxugar as lágrimas na mão. Nem sempre é esse avanço todo sabe? Dessa vez acho que é porque estávamos sozinhos. Da próxima, dependendo do lugar, vou tentar um abraço. Mas isso é tão incerto, não é? Porque não, eu nem ao menos sei onde vou te encontrar amanhã. Os meus sonhos nunca são repetidos.

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