segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Tira-gosto.

Na frigideira, bolinhos de chuva. Eu que fiz e agora tô fritando com cuidado, pra não deixar queimar. Parei um pouco de pensar na sujeira que eu fiz enquanto preparava a massa e em toda a bagunça na cozinha pra pensar um pouquinho em você. Pois é, lembrei de você. Eu lembro de você o tempo todo, seja fazendo bolinhos de chuva, seja cantando no chuveiro ou atendendo clientes mau humorados no escritório. Lembro de você quando vou ao supermercado e vejo aquela garrafa com líquido azul na sessão de bebidas. Ou quando peço batata-frita sem maionese. Quando eu vejo aquele seriado da Miley Cyrus que você, sabe lá Deus como, adorava e quando eu tô no shopping e passo por aquelas máquinas de brindes automáticos. Foram muitas moedas naquele dia. Acho que coloquei óleo demais nessa frigideira e os bolinhos de chuva estão ficando encharcados e muito muito muito gordurosos. Deu errado. Ou talvez o problema não seja o óleo, seja o tempo de fritura. Esse óleo aqui é a medida certa. Os bolinhas mergulham e fritam, nadando, nadando, nadando. Eu poderia fritar seu coração assim. Aham, eu poderia. Ele daria os últimos espasmos assim que eu o afogasse no óleo quente e o pressionasse com a escumadeira lá no fundo da panela. Depois ele daria cambalhotas no óleo enquanto eu cantava Fake Plastic Trees do Radiohead. And it wears me out, it wears me out, it wears me out...Não, eu não o comeria. Não gosto de carne vermelha, quanto mais do seu coração. Eu odeio seu coração. Eu o deixaria fritar até queimar (não só ficar engordurado e encharcado, até queimar). Nadando, nadando, nadando no óleo quente. Deu errado.

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